A SORTE ESTÁ LANÇADA.

Acordei hoje banhado de otimismo e já estou saindo para votar. Mas confesso-me um pouco angustiado quando me lembro do meu bom amigo, o admirável Roberto Campos : -"na vida só existem tres coisas irreversíveis : a flexa desfechada, a palavra proferida e a oportunidade perdida". Os dois candidatos são tão diferentes politicamente que o eleitor tem muito claro a opção entre o continuismo e uma grande guinada optando pela competencia já testada de um candidato limpo e muito preparado. Votarei em Serra mesmo contrariado pela escolha infeliz de seu inexpressivo vice. José Serra tem uma história de vida que bastaria para despertar minha admiração e, se for eleito, que Deus o ajude a enfrentar o aparelhamento do estado montado em torno do populismo barato e da corrupção desenfreada.

Gilberto Ramos

RELIGIÃO E GOVERNO

O estado brasileiro, por definição de Direito Público, é laico, ou seja, não pode e não deve privilegiar os adeptos de qualquer religião. Mas, na prática, esse direcionamento filosófico acaba acontecendo, basta ver a eleição do Sen. Francisco Dornelles em 2006. Faltando 3 dias para as eleições, a candidata Jandira Fegali estava com vantagem folgada. Entretanto, uma entrevista sua declarando-se a favor do aborto e afirmando que se tratava de uma opção exclusiva da mulher, acabou por mobilizar o clero do Rio que, nas missas de domingo das eleições, utilizou o púlpito para implodir a candidatura de Jandira e declarar, abertamente, a preferencia por Dornelles. A manifestação do Papa para que os padres orientem os católicos a favor dos candidatos contrários ao aborto repercutirá em todo o Brasil e pode derrubar a Dilma. Somando-se esta manifestação papal com o debate da Globo na 6ª feira poderemos ter surpresas na boca de urna.

Gilberto Ramos

O VALE-TUDO DA ELEIÇÃO

Tive dois bons amigos, infelizmente ambos já falecidos, deputados de vários mandatos, sempre fichas limpíssimas, correligionários do mesmo partido e com grandes afinidades (mas esse detalhe não interessa). Um deles, após o expediente oficial, percorria os velórios e consolava parentes e viuvas que nunca havia conhecido. Dizia palavras confortáveis para os ouvidos sentidos pela dor da morte; o outro, percorria várias missas de domingo além daquelas tradicionais e mais badaladas de sétimo dia, aproveitava para comungar em todas. Seu interesse era cativar os mais carolas. Parece que o marketing foi mudando e hoje o populismo assistencialista assumiu a vanguarda. Paciência, sinal dos tempos.

Gilberto Ramos 

SERRA, ASSIM NÃO VAI.

Um político tem que ser competente, inteligente, preparado e honesto. Mas isso não basta se não tiver cheiro de povão, porque do contrário não dará "liga" eleitoral. Outra coisa: não estou falando de ser falso, rindo sem motivo ou populista barato defendendo teses demagógicas. Ontem o Serra veio de São Paulo e gastou um tempo precioso na reta final da campanha para visitar o Maracanã. Que inutilidade ! Enquanto isto o Lula veio ao Rio, simultaneamente, e foi inaugurar um conjunto habitacional no Alemão (Penha) e depois foi na Ilha do Governador ver outro conjunto e o lançamento de um navio (o Jatobá), confraternizando com os operários e abraçando uma idosa de côr que recebeu a chave de seu pequeno apartamento. A fotografia do Lula valeu muitos votos. Não sei quem orienta a campanha do Serra mas a verdade é que ela é um desastre político-eleitoral. É incrivel que ele prefira ir ao Maracanã vazio ao invés de visitar bairros populosos da Central e Leopoldina onde nenhum candidato aparece. Assim não tem a menor chance.

Gilberto Ramos

Jacob Kligerman

O Dr. Kligerman recebeu ontem uma justa homenagem em desagravo à grosseria (mais uma) do Lula que o acusou de ter politizado o atendimento ao candidato José Serra quando este recebeu uma pequena agressão em passeata por Campo Grande anteontem. No almoço de adesão organizado pela ACRJ, senti falta de muitas pessoas que admiram e tanto  devem ao Dr. Jacob. Mas a humanidade é assim mesmo: está faltando solidariedade. O Dr. Kligerman declarou que vai entrar com uma ação de reparação contra o Pres. Lula e que não quer indenização alguma, mas não abre mão da retratação que lhe é devida. Corretíssimo.

Gilberto Ramos

RIO - 2016

Na visita recente que fiz ao Canadá, tive a oportunidade de visitar o Centro Olímpico de Montreal, cenário das Olimpiadas de 1976. Por sorte, lá estava o administrador deste magnífico complexo no qual o destaque é a torre inclinada do estádio. Muito solícito, ele passou-me  algumas informações que me fizeram duvidar da viabilidade financeira do nosso empreendimento em 2016. Em primeiro lugar, ele disse que foram muito poucas as obras que ficaram para desfrute da população local. Em segundo lugar, e o mais grave: somente no mes de julho/2010, recentemente, foi paga a última fatura ainda decorrente das despesas astronomicas que os canadenses suportaram em 1976. Em resumo: mais despesas sem retorno,  mas todo mundo festejando alienadamente.

Gilberto Ramos

TEMAS ESQUECIDOS NA CAMPANHA

É lamentável a omissão dos presidenciáveis ao não comentarem temas de alcance geral. Assuntos como a redução da maioridade penal, o voto facultativo, a posição em relação à pena de morte, a fabricação de armas nucleares, a penalização dos corruptos, a súmula vinculante (já aprovada e não implantada), o direito de greve previsto na CF e carente de regulamentação, a reforma inexorável do sistema previdenciário, o desvirtuamento das agências reguladores, o empreguismo no setor público, e A QUESTÃO DO CONTROLE DA NATALIDADE.

Gilberto Ramos

PRIVATIZAÇÕES, POR QUE NÃO ?

As discussões mais acaloradas nesta reta final da campanha eleitoral estão se concentrando na hipótese de privatização da Petrobrás e, sobretudo, nas críticas àquelas que já aconteceram desde a gestão de Itamar Franco e FHC, não esquecendo de Collor, atual aliado de Dilma. É mais do que comprovado que as privatizações da CSN e da Vale, não obstante as arruaças promovidas pelos vândalos profissionais de plantão na época, resultaram em empresas muito mais eficientes. Antes elas drenavam recursos dos impostos que todos nós pagávamos, hoje elas geram uma massa gigantesca de impostos, permitindo ao governo direcionar esse dinheiro para as escolas e hospitais. Ou, pelo menos deveria. O pré-sal está na plataforma continental brasileira e, portanto, protegido pelo arcabouço constitucional - artigos 20, 177 e 238. Temos instituições mais do que aptas a defender este patrimonio (Marinha e ANP), além da fiscalização econômica desta exploração (MME e TCU). Quando foi quebrado o monopólio estatal do petróleo foi uma histeria nacional. Por acaso faltou gasolina ou GLP ? O Pres. Castelo Branco, um reconhecido nacionalista inveterado, numa conferencia na ESG, falando em relação ao monopólio estatal de petróleo: - "A Petrobrás, sendo eficiente, não precisa do monopólio; e se for ineficiente, então ela não merece o monopólio". Lógica claríssima e incontestável. Neste papo furado de privatizações está faltando alguém que diga a verdade, sem rodeios ou demagogia barata. Privatizar não é vender patrimonio, é melhorar a gestão.

Gilberto Ramos

Weslian, Maninha, Dilma, Marisa .....

A inserção das mulheres na vida civil e política brasileiras é fato recente - década de 30 - mas, com raras exceções, este imenso contingente de brasileiras que constitui mais da metade da população do país, bem que poderia escolher melhor as suas representantes. Dna. Weslian Roriz entrou na aba do maridão ficha-suja Joaquim Roriz; Maninha, a bonita nora do velho Chacrinha, apareceu na televisão para dizer absolutamente nada, embora eu reconheça que enfeitou a telinha; já a "Dra" (aspas propositais) Dilma, às vezes Stella, ainda deve uma explicação sobre o paradeiro do dinheiro que havia no cofre do Ademar de Barros, ou será que a Erenice também "passou o rôdo" nesta grana ? E Dna. Marisa, nossa festeira primeira-dama ? Bem, desta nada se pode cobrar, até porque, como obteve passaporte italiano "numa boa" poderia optar pelo "dolce farniente". E nós, como ficamos ? Acho que o jeito é continuar sonhando com Michelle Obama e Carla Bruni.

Gilberto Ramos

O CANADÁ SABE DAS COISAS

Estou fazendo turismo no Canadá, mas sempre ligado nas questões políticas e sociais para compará-las e aprender o que devemos priorizar no Brasil. O estado de Quebec é muito grande - maior do que a França - e já tentou através de um plebiscito se desligar da comunidade britânica. Eles estão se preparando para eleições parlamentares e o mote da discussão política é a possível redução das despesas públicas. A seguridade social consome grande parte dos recursos e sacrifica a população que é forçada a pagar impostos crescentes para financiar todas as benesses. Interessante é o lema da oposição que está afixado em quase todos os carros e algumas lojas: "REDUZIR PARA CRESCER". Descobriram a pólvora ?

Gilberto Ramos

O SEGUNDO TURNO É UMA ELEIÇÃO NOVA E IMPREVISÍVEL

Está clara a posição de "fiel da balança" do eleitorado que votou na Marina Silva no primeiro turno. Minha impressão é de que ela não se posicionará pois isto significaria um comprometimento indesejável que pode parecer barganha por posições políticas em breve. De outro lado é preciso ficar claro que o movimento ambientalista é muito mais sedutor para os eleitores mais educados. Não há espaço para manobras populistas e/ou demagógicas na abordagem deste tema da sustentabilidade. Por isso penso que a classe média e progressista que votou em peso na Marina vai pender para o José Serra e, se assim fôr, ele deverá vencer o segundo turno. É claro que golpes baixos serão aplicados - denuncias sem fundamento e aloprados em plena agitação - certamente podem pesar no resultado final.

Gilberto Ramos